domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre o tempo e o medo

Tenho uma teoria: não ficamos velhos, ficamos medrosos. Os anos passam, o medo toma conta.

Deixamos de pensar no ato em si e passamos a temer as possíveis consequências. Subir em árvore deixa de ser uma aventura prazerosa, pois há possibilidades. O pé pode escorregar do galho, a mão pode encontrar um espinho no caminho. Todas as possibilidades que passam pela cabeça acabam em desastre, em dor. Não pensamos mais no sabor da fruta que queremos alcançar ou na vista que teremos lá de cima.

Perguntar o 'por quê?' das coisas também não é mais tão divertido, pois as pessoas podem te olhar torto. Questionar é coisa de quem não sabe. E o desconhecido apavora e constrange os ‘adultos’.

Falo por experiência. Quantas coisas deixei de fazer nos últimos 10 anos por medo? Dançar, rir, descer uma cachoeira de rapel, dizer o que queria dizer. Deixei de experimentar uma boa parte da vida. Por medo ou por qualquer outra forma dele. Para mim, quase tudo se resume a medo. Timidez, por exemplo, é o medo de se expor. E essa eu conheço muito bem.

Não tenho mais aquela urgência de ficar mais velha. Não quero adicionar números à minha idade. Quero ficar mais nova. Quero ficar corajosa. Assim como eu era aos 6 anos.


(Escrevi esse texto na noite em que completei 19 anos. Pela primeira vez, não estava ansiosa pela data. Senti medo e, outra vez, deixei de aproveitar o presente. Pelo menos, serviu para aprender de onde o medo vinha.)

5 comentários:

  1. Tirou os pensamentos da minha cabeça! E me roubou um futuro post...
    Já ta difícil pensar e vc ainda pensa a mesma coisa que eu, aih complica!!
    aheuihaeuihaeuiaeiuhe

    Concordo plenamente!! Eu não sei se isso é geral, se vem com a experiência de vida, ou se é puro comodismo, medo de sair da sua zona de conforto, mas o fato é que pessoas mais velhas são muito mais seguras (elas falando) medrosas (mais jovens falando), principalmente em relação àquilo que é caracterizado como "coisas de gente jovem". Pelo menos é quando eu mais percebo o medo deles. Mas se aplica ao modo de se vestir, de se relacionar, de ver o mundo, de sair (ou não) de casa, etc...

    belo post!

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  2. Zona de conforto! Exatamente a peça que faltava para completar o meu texto. Eu estava procurando exatamente pelo que você falou. :)

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  3. contanto que você continue lambuzando a cara enquanto come, pintando as unhas de colorido e deixando o cabelo crescer, não vejo porque deveria se preocupar :) beijo, bá linda! e 19 são o novo 9 :)

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  4. Agora que você já percebeu, acho que é hora de enfrentar esses medos!
    Faz um bem danado, mesmo quando a gente se dá mal. Experiência própria.

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  5. O bom também é que a gente pode fazer o caminho inverso, né? A gente cresce e fica com medo, mas depois vê que tá com medo e acha a maior besteira e cria coragem e fica jovem de novo. Pode ser assim. E o melhor: a coragem que vem depois do medo é mais responsável (porque temos muitas coisas cativadas :D) e, como toda reconquista, é muito gostosa!
    Vamo na cara e na coragem? :D

    Beijo, Bá! Adorei o post!

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